Clube de Leitura: literatura e formação da personalidade

“Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito”, dissera Jesus a seus discípulos (Mt 5, 48). Essa palavra ressoou pelos séculos e encontrou morada em muitos corações, que atenderam ao apelo do Mestre e se deixaram conduzir por Ele à perfeição. Ser perfeito, à luz da doutrina católica, consiste primeiramente em receber o dom sobrenatural da graça santificante, pela qual nos tornamos participantes da natureza divina: “Deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1, 12).

Mas, ainda que o processo de santificação pertença à ordem sobrenatural e dependa continuamente da intervenção de Deus, a graça não destrói a natureza, como diziam os Escolásticos. Ou seja, o Batismo nos torna filhos de Deus, mas não nos transforma em seres de outra espécie: os filhos de Deus continuam filhos dos homens. Eis a importância de não menosprezar a formação da personalidade, a aquisição de um caráter firme, a consciência clara dos deveres para com a sociedade:

“Devendo a verdadeira educação ter por objetivo a formação integral da pessoa humana, orientada para o seu fim último e simultaneamente para o bem comum das sociedades, as crianças e os jovens sejam de tal modo formados que possam desenvolver harmonicamente os seus dotes físicos, morais e intelectuais, adquiram um sentido mais perfeito da responsabilidade e o recto uso da liberdade, e sejam preparados para participar activamente na vida social” (Código de Direito Canônico, cân. 795).

A literatura é muito útil nesse desenvolvimento pessoal. As grandes obras literárias condensam experiências humanas pelas quais talvez já tenhamos passado ou passaremos no futuro. E como a narrativa é sempre rica em detalhes, sobretudo psicológicos, podemos utilizá-la como objeto de reflexão: primeiro, porque não estamos envolvidos diretamente nos fatos, o que nos permite manter aquela distância emocional necessária para a assimilação e compreensão do drama humano descrito; segundo, porque tais livros em geral foram escritos por pessoas notáveis, não só pela arte literária, mas pela radicalidade com que experimentaram os dramas humanos.

Tudo isso, se bem utilizado, pode conduzir àquele autoconhecimento, a um tempo realista e esperançoso, que é base do encontro sincero com Deus na oração, sem o qual esta se reduz ou a palavreado vazio, ou a exibicionismo e fingimento:

“O caminho para atingir o conhecimento verdadeiro e a experiência do meu ser — Vida eterna que sou — é este: nunca abandones o autoconhecimento! Ao desceres para o vale da humildade, reconhecer-me-ás em ti, e de tal conhecimento receberás tudo aquilo de que necessitas. Nenhuma virtude tem valor sem a caridade; no entanto, é a humildade que forma e nutre a caridade. Conhecendo-te, tu te humilharás ao perceber que, por ti mesma, nada és. Verás que o teu ser procede de mim, que vos amei, a ti e aos outros, antes de virdes à existência” (Diálogo, Santa Catarina de Sena).

Nessas formações analisaremos clássicos da literatura brasileira e universal, não sob o aspecto literário, mas existencial, procurando colher o que têm de melhor para enriquecer nossa experiência humana, a fim de crescermos dia a dia no autoconhecimento, na consciência de nosso valor como seres humanos, na percepção e aceitação de nossos defeitos e muito mais, para com isso cooperarmos na obra de nossa santificação.
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